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Resenhas – Página: 2 – Antropologia da Propriedade Intelectual
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Escobar, Arturo. Welcome to Cyberia: notes on the anthropology of cyberculture

Welcome to Cyberia: notes on the anthropology of cyberculture

Arturo Escobar

Current Anthropology, 35, 3, 1994


O paper revisa os tipos de análise cultural que estão sendo conduzidas hoje sobre a natureza social, o impacto e o uso de novas tecnologias;

Proposta: uma antropologia da cibercultura

Ciência e tecnologia: arenas cruciais para a criação de cultura hoje.

Modernidade? Segundo Foucault, o período moderno trouxe arranjos particulares para vida, trabalho e linguagem – multiplicidade de práticas pelas quais a sociedade é produzida, regulada e articulada por discursos científicos.

De que modo a cibercultura continua a agir nestes domínios?

Modernidade: discursos científicos, tecno-ciência; racionalidade técnica como modo de conhecer e ser.

Portanto, para Escobar o background de práticas e discursos é a Modernidade, apesar das mudanças ocorridas.


Tecno-socialidade: computadores e redes (Stone)

Bio-socialidade: biotecnologia (Rabinow)

Dois regimes que formam a base do que ele chama de cibercultura. (ambiente tecno-bio-cultural).

Novas tecnologias


Questões programáticas para a pesquisa antropológica:

Que discursos estão sendo gerados por/em torno de computadores e biotecnologias? Que domínios eles criam? Que construções de realidades (techno-scapes)? Novas formas de pensar e ser?

Como estas práticas podem ser estudadas etnograficamente? Que conceitos antropológicos?

Qual o background para entender como as tecnologias emergem? O que ocorre com as perspectivas não-ocidentais quando elas entram em contato com estas novas tecnologias?

Qual é a economia política da cibercultura? Como se reestruturam as relações entre 1º e 3º mundo? Como a automação, as máquinas inteligentes e a biotecnologia transformam os processos de trabalho, a criação de valor?

Temas de discussão e pesquisas em curso

Diferenças no nível tecnológico entre 1º e 3º mundo;

Etnografias do fazer científico (conhecimento e poder)

Cyborgs (AAA) – discussão sobre o corpo e ciberespaço

“Borrando” as fronteiras do natural-cultural


Observação de Escobar (p. 217) O capital vai continuar a jogar um papel crucial na reinvenção da vida e da sociedade. […] mas não por meio do processo de extração de mais-valia do trabalho ou da industrialização convencional como da capitalização da natureza e da sociedade através da pesquisa científica e do desenvolvimento, particularmente em áreas como a inteligência artificial e a biotecnologia.


Outras pesquisas (etnografias):

Os antropólogos deveriam focar em cientistas em lugares como laboratórios, corporações alta-tecnologia e centros de design de realidade virtual, e nos usuários (Latour).

Subjetividades, tecnologias do self

As comunidades em rede de comput. (qual o sentido de comunidade ‘local’?)

Culturas populares e ciência e tecnologia (imaginários e práticas populares)

Tecnologias no cotidiano

Comunicação humana mediada por computadores (linguagem e identidade)

Economias informacionais (modo de produção – modo de informação, Poster)

Sociedade de controle, “cyberocracy”.

Propriedade intelectual – variedades de plantas e conhecimentos tradicionais no 3º mundo.

Nova dependência – computadores, biotecnologias e informação


Antropologia e a complexidade

?

[crítica de M. Strathern: se nós formos localizar a complexidade não nos efeitos (como o mundo aparece) mas nos instrumentos que produzem os efeitos (a percepção humana), então os antropólogos comentariam que não há vida social que não seja complexa].


Antropologia sem primitivos

Se é para “reentrar no mundo real” e “trabalhar no presente” (Fox), a antropologia vai ter que lidar com o constante avanço da cibercultura. Ela permite a antropologia se renovar […].

Ao final, Escobar pergunta: o que acontecerá com a vida no fim do séc. XX? O que vem pela frente?

Benkler, Yochai. Towards a political economy of information.

Notas em “FREEDOM IN THE COMMONS: TOWARDS APOLITICAL ECONOMY OF INFORMATION”, de Yochai Benkler

Pressupostos

Economia da informação em  rede

Contraposta à economia da  informação industrial.

Esta começa em resposta à  situação caótica da produção em  massa de mercadorias e sua  distribuição do início do século  XX.

A informação começa a ser  discutida e utilizada tendo em  vista processos de controle da  produção e do comportamento  humano a ela relacionado.

Ainda a Economia da informação industrial

Além de que predominou ao  longo do século XX uma infra- estrutura capital-intensiva de  produção cultural.

Todo suporte material para a  produção e transmissão de  conteúdos culturais dependia de  grandes empresas, maquinaria  pesada e uma organização  industrial de produção e  distribuição e massa (Indústria  cultural).

Economia da  informação em rede

Equipamentos que usuários  comuns possuem não destoam  dos que as empresas possuem.

Qualquer um pode publicar  notícias, textos, imagens…

Novas condições materiais de  produção da informação.

Descentralização.

Produção de cultura entre ‘pares’.

Liberalismo Político

Benkler vê, com essa nova  economia, a possibilidade de  se resgatarem os principais  valores de uma sociedade  liberal:

Democracia, Autonomia e Justiça  social.

Surge agora uma produção entre  ‘iguais’ de conhecimento, cultura  e informação como bem-público .

Que, ademais, começa a impor  limites à produção mercadológica  de bens intangíveis.

Liberalismo político X  econômico

Destaque para a diferença com  relação ao Liberalismo  econômico:

O avanço do mercado impõe  limites à busca destes valores.

Ênfase na tolerância das  diferentes visões de mundo.

John Rawls: Uma sociedade  liberal deve buscar um modo de  produção baseado em outro tipo  de propriedade (nem privada nem  estatal).

 

Promovendo valores

Democracia

Discurso político aberto e  ampliado.

A mídia perde seu poder de  formadora de opinião.

Canais alternativos estão  amplamente difundidos.

Forma um discurso menos  coerente, porém, legítimo.

Mídia cresce, de fato:

AOL Time Warner, at&t,  Microsoft…

Entretanto, o autor vê isso como  uma tentativa de resgatar um  poder que ela vem perdendo.

Autonomia

Liberdade individual.

Na promoção deste valor, a  produção não-mercadológica  deve ser mais valorizada.

A produção proprietária coloca  limites à autonomia.

Autor se aproxima de uma crítica  socialista:  o que ele questiona é  a apropriação dos canais de  transmissão e produção de bens  intangíveis.

O indivíduo é capaz de definir  sua atividade produtiva bem  como seu consumo.

Justiça social

Princípio da equidade.

A liberdade individual de  perseguir seus objetivos deve  ter como pressuposto as  mesmas condições de partida.

A desigualdade é justificável tão- somente enquanto estiver  baseada nas diferentes escolhas  e ações individuais.

 

O autor sugere que a infra- estrutura seja pública deixando  provedores de mercado  competirem com atores  exteriores ao mercado na  produção de informação.

Isto diminui os preços e alcança  os que estão numa condição  inicial desvantajosa.

Nações em desenvolvimento, por  exemplo.

Tomada de consciência

Há significativas pressões para  que se reproduzam a se  intensifiquem a legislação  sobre propriedade intelectual  feitas com base na ‘velha’  economia.

A sociedade tem se deixado  levar pelo lobby de quem “está  acostumado a vencer”.

A legislação e moral que  defendem estes “atores” está  baseada, no entanto, em  tecnologias e modelos de  produção do século passado.

 

Moreira, Elaine. O Direito dos Povos Tradicionais sobre seus Conhecimentos associados à Biodiversidade: as distintas dimensões desse direito e seus cenários de disputa

Resenha do Texto: Tobias dos Santos Gomes

A autora começa o texto falando da novidade que é o reconhecimento de direitos de proteção de interesses das comunidades tradicionais, sendo inserido nos direitos das minorias. Propõe-se a tratar a questão da proteção dos conhecimentos tradicionais.

O conhecimento tradicional da biodiversidade deve ser visualizado a partir dos diversos vieses, como conservação da diversidade biológica, agricultura, bens imateriais e autodeterminação dos povos na gestão de seu patrimônio.

Existem diversos cenários de disputa sobre os conhecimentos tradicionais (Trips, OMC, CDB, FAO, UNESCO e OIT). A CDB (conferência da diversidade biológica) ocorre motivada pelo paradigma da biodiversidade, no final do século XX, atuando como divisor de águas na questão, por levar em conta novos atores que, devido à valorização econômica da biodiversidade, desejam participar da discussão, como ONG’s, estados nações, empresas, entidades internacionais e populações locais.

A convenção tem como novidade compreender a relação dos modos de vida dos grupos com a manutenção da biodiversidade, postura que permite visualizar uma relação sociedade-natureza diferente da ecologia profunda, que coloca a necessidade de que a natureza seja isolada do convívio humana para que se mantenha, e coloca o em questão os direitos dos grupos sobre seus saberes, debate que só é possível com a inclusão desses grupos, que sempre estiveram à margem. Por alhures é ambígua, já que atua em consonância com a expansão da propriedade intelectual, se tornando um local não muito acessível para o debate sobre a defesa dos conhecimentos tradicionais.

Recursos genéticos da biodiversidade, segundo a CDB, estão sobre controle da legislação nacional, devendo o acesso se dar por acordo entre países. Com isso vários países regulamentaram os usos da biodiversidade e conhecimentos tradicionais. No Brasil, lei nº 2186 e 20017, e estaduais no Amapá e Acre. Essa necessidade de concedimento prévio é o que a convenção tem de reformadora.

No Brasil o principal suporte de direitos às comunidades tradicionais tem sido a Constituição, de forma mais imediata, a MP nº 2186-16/01.Consentimento dos povos tradicionais com repartição eqüitativa por meio de contrato, regulado por órgão governamental (Conselho Gestor do Patrimônio Genético, Ministério do Meio Ambiente), assim deve ser tratados os direitos tradicionais.

O acordo Trips faz da OMC um espaço de discussão sobre conhecimentos tradicionais, por seu envolvimento com a propriedade intelectual. Com a impossibilidade do estabelecimento de regras de concessão, pelo Trips, há a inviabilização do CDB. A OMPI tem um comitê, mas que até o momento não foi cenário de decisões.

Os problemas de enquadrar os direitos tradicionais nos patentários são vários, como o quesito de novidade, o da exclusividade. Isso abre a possibilidade de discutirmos direitos de propriedade sui generis. No caso brasileiro, temos a possibilidade de pensar esses direitos como patrimoniais e não como proprietários, concepção jurídica presente no regime constitucional brasileiro.Na Índia, os direitos intelectuais coletivos.

A complexidade dos direitos difusos em relação ao direito moderno, que se pautou no individualismo liberal, abre novos desafios. Eles são aplicados no Brasil primeiramente com a lei nº 7347/85, depois na CF e no Código de defesa do consumidor. Os conhecimentos tradicionais podem não se enquadrar em direitos difusos, mas são direitos coletivos. Sua pretensão, de acordo com os povos, é que determinará em que tipo de direito se enquadra. Há que diferenciar os direitos difusos, de alguém indeterminável, do domínio público, que não é de propriedade de alguém.

A leitura do texto, concatenada com reflexões e conhecimento de situações anteriores me levam a questionar se o Ministério do meio ambiente é a melhor esfera pública para tratar dos direitos das comunidades tradicionais, até por ter em seu quadro pessoas que podem ter uma compreensão ecológica mais restritiva frente aos povos tradicionais.

A autora coloca conhecimento tradicional e científico como com igual condição hierárquica, na página 15. Apesar de ver esse panorama como o mais interessante, não vejo que ocorra dessa forma. Na maior parte do tempo o conhecimento científico utiliza-se do poder estatal e outros como forma de submeter os conhecimentos tradicionais.

Acredito que dizer que os conhecimentos tradicionais têm valor “estritamente cultural, sem qualquer vínculo com o mercado” é equivocado, pois pode levar a conclusão que esses povos são anti-mercado ou que atuam fora dele. Se pensarmos que mercado se refere ao mercado pós-processo de mundialização, talvez isso esteja correto, mas a meu ver há aí um mercado, diferenciado, mas há. Talvez a melhor forma é não pensarmos cultura como separada de mercado.

Benkler, Yochai. A riqueza das redes.

Um momento de oportunidades e desafios

Nos últimos 150 anos, democracias modernas tem dependido de uma economia industrial da informação para a liberdade e o desenvolvimento humano.

Mudança radical nos últimos 15 anos. A revolução da internet não estaria ultrpassada, por que sua mudança é profunda e estrutural pois o ambiente das redes tem evoluído junto com os mercados e as democracias liberais.

As mudanças tecnológicas, as diferentes formas de organização econômica e as práticas sociais neste ambiente criaram oportunidades para produzir e trocar informações e cultural, favorecendo um aumento de uma produção não proprietária e fora do sistema de mercado. Assim se sucederam o software, o jornalismo investigativo, os vídeos avant-garde, os jógos on-line…

Essas liberdade traz grandes promessas práticas:
1 – uma forma de liberdade individual
2 – plataforma para melhor participação democrática
3 – meio de fomentar uma cultura mais crítica e auto-reflexiva
4 – um mecanismo para obter melhorias no desenvolvimento humano

Isso ameaça aqueles que já existem na economia industrial de informação, assim se dá o embate entre a ecologia institucional do ambiente digital, ente áreas da telecomunicação, direito autoral, regulação do comércio internacional.

A emersão da Economia de Informação em Rede

Há mudanças na busca de valores políticos que são centrais para as sociedades liberais.

Uma delas vem ocorrendo a mais de um século é na economia da produção de informação e cultural e a manipulação de símbolos.

A segunda é a mudança para um ambiente de comunicação de alto processamento e interconectados – que associamos a internet.

A primeira parte do livro argumenta do que se chama de “economia de informação em rede”, que está substituindo a economia industrial do século XIX e que não depende do sistema de percado e nem de estratégias proprietárias.

Segundo, presenciamos um crescimento da importância da produção fora do mercado. Indivíduos podem alcançar e informar ou inspirar milhões por todo o mundo. Isso é diferente quando os esforços tinham que ser canalizados para instituições de mercados ou para ações de estado. Há um efeito agregado da ação individual.

Terceiro e mais radical, é o surgimento de esforços por pares em grande escala na produção de conheicmento, informação e cultural, tipificados pelo software livre e sua grande mobilização descentralizada em torno de grandes projetos.

Exemplos se seguem a wikipédia, o seti@Home.

O capital físico é distribuído na socieade em rede. Os computadores, também podem ser utiliados pelo mercado, mas são plataformas, que sedimentam uma base para que as redes de interesse e de influência se permutem.

Economia de informação em rede e sociedade liberais democráticas.

A alegação é que a diversidade de meios de organizar a produção e uso de informação abre uma gama de possibilidades para busar valore políticos centrais em sociedades liberais, um sistema mais participatório, uma cultura crítica e justiça social. o limite que se dá entre os poderes decisórios e a liberdade individual sempre foram atributos do que definem os contornos políticos e a natureza da sociedade, A produção industrial e a busca de produtividade e justiça, impuseram um limite na forma que pode-se buscar uma combinação de arranjos no compromisso com a liberdade e a justiça. Singapura é um exemplo.

Autonomia ampliada

A economia em rede melhora a prática de indivíduos em três dimensões: 1 – fazer mais por eles próprios 2 – aumenta a capacidade de fazer mais comunalmente 3 – melhora a capacidade de fazerem mais em organizações formais que operam fora do mercado.

Democracia: A esfera pública interconectada

Capitulo 7

A economia de informação de rede permite uma mduança da esfera pùblica de veiculação de mídia para uam esfera pública conectada interligada, baseada na liberdade desfrutada pelos indivíduos na criação de informação e conhecimento, emergindo ao lado do mercado da mídia de massa.

O problema da Babel, extensamente discutida na década de 90,apresenta-se agora mais apaziguada, na medidada que se percebeu que apesar do espaço público, as vozes não se entrecruzam, na medida que o que nem tudo que é falado é ouvido por todos.

A comparação do poder democratizante da internet deve ser interpetadas em comparação a esfera de mídia de massa e comercial, onde se verificam três problemas: um receptáculo pequeno de recebimento de informações por parte do grupo de jornalistas encarregados de articular os grandes temas. A concentração de mercado e o poder de mídia e o fitro que é perpassado por esta esfera.

A esfera pública internligada também começou a responder ao excesso de informação, sem recriar o poder da mídia de massa em filtragem e credenciamento. Ao invés disso, observa-se um espectro de legetimação no agrupamento de pequenos grupos de criaçaõ de mensagnes e a própria cainhada dos usuários em rede, recondensando a possível cacofonia produzida em rede por elos de interesse e significação.

Diferenciação Mass Midia e a Esfera Pública

Definição delimitada de Esfera Pública: “quadro de práticas que os membros de uma sociedade usam para comunicar questões que eles entendem ser de interesse público e que potenialmente requer uma ação ou reconhecimento coletivos”(117)

Características da esfera pública:

Abertura universal, filtragem de relevância política, credibilidade, síntese da opinião pública (combinação de opiniões individuais) e independência do controle governamental.

Diferença entre o mass midia e a economia em rede:

Arquitetura – do unidirecional (broadcast) para arquitetura distribuída em conexão.
Custo – eliminação como barreira.

  • Práticas radicalmente diferentes: emergência de uma esfera onde o potencial democrático é muito maior:
  • boicote ao Sinclair broadcastin (2004) – documentário do candidato John Kerry na Guerra do Vietnã.
  • Caso do sistema eleitoral eletrônico Urna da Diebold (subsidiária da ATM).

Bev Harris – http://blackboxvoting.com/s9/

  • uma senhora coloca um código fonte de uma urna eletronica em seu blog. Várias pessoas a ajudam em rede, sobre aquele objeto, confirmou que era passível de fraude, é ajudada pela wired. A diebold pega a DMCA e processou a senhora. Porém o código já tinha caído no bittorrent.
Como uma coisa complexa se tornou uma coisa possível de se tornas cognocível na esfera pública?

O poder do mass mídia nao é negado mas a rede pode exercer contrapoder com dinâmica diversas, coordenadas diversamentes, criando redes através de reputação.

A cultura da rede difere da cultura de mídia de massa, pelo alto custo de enviar mensagens longas para milhoes de pessoas.

Ou seja, o foco muda de “trust me” para “see for yourself”

Efetios:

Atores não comerciais podem atuar muito fortemente podendo produzir informação na esfera pública.
Movimentos de bottom up, muitos sem centro.

críticas aos efeitos democratizantes

1) a cacofonia (torre de babel)
2) centralização e concentração que a internet gera
3) a função de cão de guarda da mídia (4o poder)
4) países autoritarios conseguem controlar e filtrar a rede
5) a maioria das pessoas nao tem acesso.

Respostas para a segunda geraçao das críticas da internet:

1.1) o capital (simbólico e econômico) acumulado dominará a capacidade de ser ouvido, mas nao a capacidade de falar (diferente do mass midia)

– mas as “agendas públicas” criam receptáculos, anulando a cacofonia, gerando subredes

1.2) Polarização, tornando as visões dos segmentos sociais mais extremas nas suas direções.

– A própria mobilização cria aproximações, a diversidade acaba sendo pedagógica para demonstrar as proximidades

2) concentração em top sites – tendência a monopolização

Falhas na economia de rede:

– concentração da infra-estrutura (telecom) – sob essas condições, os custos se elevam, eliminarao a neutralidade da rede.

A tendencia é de microaudiências, mas dependendo dos assuntos existem maremotos no decorrer da rede, o que nao ocorre no mass midia.

Topologia da web:

(pag 254)

micronível : concentração de pequenos formando clusters (porém instáveis) macronível: posição de gigantes altamente linkados mas nao totalizantes (orkut, slahdot) mapeamento de rede: a distância dos nós é pequeno.

Observações: – Nenhum cluster pode controlar o fluxo de informações na web, devido a redundância de caminhos.

– Dinheiro é necessário, mas não suficiente

– Reconhecimento e metarevisão (slah dot)

Idéia central: Esfera pũblica maior possiblidade de democratização empírica com vários graus de eficiência. (259)

Benkler, Yochai. A economia política dos commons

A economia política dos commons

Tradução: Paulo Cezar Castanheira.

Commons: espaços institucionais em que podemos praticar um tipo de liberdade (em relação a restrições, que são pré-condições para os mercados)

As restrições mais importantes que limitam os mercados são aquelas que determinamos de propriedade (p12). Essas regras determinam qual recursos temos ao estabelecer relações com os outros. A posse ou a falta permite fazer ou recusar a fazer nas relações em torno dos recuross.

Commons são espaços institucionais em que os agentes humanos podem agir sem as restrições particulares exigidas pelos mercados. Os recursos são governados por restrições diferentes do direito de propriedade.

O que são commons?

Sua principal característica é que ninguém tem o controle exclusivo do uso e da disposição de qualquer recurso particular (p12). As regras, estabelecidas por uma comunidade podem variar desde o vale tudo até regras claras e formamente articuladas e efetivamente impostas.

Podem ser baseados em 4 tipos de parâmetros.

1 – Se são abertos a todos a apenas a um grupo definido. Os oceanos, o ar e os sistemas rodoviários são exemplos claros de commons abertos. Pastos e irrigação controlados por uma aldeia (descritos por Eleanor Ostrom) são exemplos de commons limitados, pois estão acessíveis coletivamente somente aos memtos da aldeia ou da associação.

2 – Regulado ou não. Sistemas de propriedade comum são, na sua quase totalidade, regulados por limitações (formais ou socialmente convencionadas). Commons de acesso abertos são variados e não tem qualquer governança por nenhuma regra. Qualuquer um pode usar o quanto quiser. Ex.: o ar, com respeito a sua obtenção. Ele é levemente regulado por convenções (nao respiramos na cara das pessoas, também tem regulações industriais). As rodovias, as calçadas e rodovias são um bom exemplo de commons bem regulado. O conhecimento anterior ao século XX, da qual se fundamentou toda a ciência contemporânea, também é um commons regulado bem sucedido.

Os commons são sustentáveis?

Na década de 60 Garret Hardin criou uma expressão “a tragédia dos commons” efendendo que os commons são trágicos porque acabariam sendo exauridos por uma lógica de mercado, se não estivessem espectro. De certo modo, um sistema de gerência de recursos deve estar disposto a ser sustentável e eficiente dependendo das características tecnológicas do recursos e dos padrões de sua utilização (p14). Carol Rose identificou que as externalidades são bons candidatos a commons. Ela usou a idéia para sugerir a razão por que estradas e canais, instrumentos clássicos de coméricio, tendiam a gravitar em torno do modelo de commons mesmo com o desenvolvimento da propriedade privada (p12).

Informação seria um bem público no seu sentido econômico mais estrito, e é também seu próprio insumo de produção

O abiente digital em rede é permeado de recursos, que apesar que não sejam bem públicos, funcionam na lógica dos commons, pois reduzem a escassez e apresentam melhor desempenho que nos sistema baseados em propriedade. Assim sugere a comunicação sem fio e o software livre.

Por que isso é importante?

Primeiro porque são preocupações relativas a política da inovação, principalemnte se não quisermos depender da permissão de conessionários que procuram restringir esses caminhos em nome dos seus planos de negócio.

Mas commons de informação, cultura e conhecimento, também se fala na operação de espaços livres das leis de estruturação demercados, que atinge o cerne da liberdade e democracia.

O ambiente dos meiso comerciais de comunicação criou dos efeitos

Berlusconi – poder político desproporcional aos seus proprietários ou àqueles que podem pagar por eles. Baywath – substituição do discurso público pela distribuição de produtos vendidos como mercadorias.

Os commons permitem que os indivíduos e grupos possam produzir informação e cultura por conta própria.

Porém os gigantes industrias que dominam a produção e a troca da informação não vão abrir mão facilmente do seu domínio.

Na camada físida, o controle dos fios e das licenças de transmissão de ondas, necessárias a comunicação oferece um ponto de controle.

Na camada lógica, os padrões, os protocolos e os softwares necessários oferecem um ponto de controle de luxo.

Na camada de conteúdo, a propriedade intelectual, ameaçam ofereer aos seus proprietários a capacidade de controlar quem fala, o que e para quem, com os principais signiicados culturais do nosso tempo.

Uma infra estrutura básica comum.

Para capturar os benefícios da liberdade e da inovação que a economia da informação em rede torna possível, é necessário construir uma infra-estrutura básica comum, paralela a proprietária. Deve se estender a camada física, lógica e de conteúdo. Nem todas as instalações de rpodução da informação precisam ser abertas, mas deve haver uma parte de cada camada que possa ser utilizada por todos sem a necessidade de permissão.

É preciso que haja sempre uma avenida aberta para qualquer pessoa ou grupo articular, codificar e transmitir o quer que ele quiser, nao importando que seja mariginal ou não-comercializãvel.

As estratégias.

– É necessário construir uma camada física aberta pela redes sem fio abertas (commons do espectro radioelétrico). – Facilitar a criação de uma camada lógica aberta por padrões abertos. Reversão a medidas coercitivas como o DMCA (Digital Milenium Copyright Act). – Uma camada de conteúdo aberto. Os direitos de propriedade inteletual ficaram fora de controle na última década, expandindo-se de forma jamais vista.

Reformar as estrturas organizacionais que resistem ferozmente aos sistemas amplamente distribuídos:

– O bem mais sucedido é o software live. – No campo científico, vemos o surgimento de esforos de cientistas para liertar a ciência dos modelos antigos de publicação insutrial. A Public Library of Science e a Budapest Open Acess Iniciative são os primeiros neste sentido. São modelos de publicação e revisão científica que não dependem de grandes editoras comerciais. – No caso das publicações o Creative Commons é uma importante estrutura. – Nas comunicações, surge a blogosfera.

Construir uma infra-estrura comum que nos permitirá sair de uma condição de consumidores passivos. É o que pode permitir que qualquer um possa se tornar participante ativo do discuros político, social e cultural.

Boyle, James. A Manifesto on Wipo and the future of intellectual property

A MANIFESTO ON WIPO AND THE FUTURE OF INTELLECTUAL PROPERTY JAMES BOYLE

Boyle diz que há erros nas políticas de propriedade intelectual contemporânea e que a WIPO tem um papel importante para corrigi-los.

Os direitos de propriedade intelectual não são fins em si mesmos: garantem um sistema descentralizado de inovação, ciência e cultura. Além disso, protege e recompensa inovadores em arte e tecnologia, etc. E SÓ isso é que deveria ser.

Faz uma breve apresentação do que é a Wipo e diz que ela deve se reorganizar para garantir o que se propunha.

Copyrights e patentes são para expressão e invenção não para idéias e fatos. Estes limites estão se perdendo, enclausurando últimos redutos de domínio público.

Apesar das regras serem diferentes entre países, há pressão para uniformização e sempre no sentido de aumentar o rigor.

Identifica 2 erros: ligação automática entre direitos de propriedade e estímulo à inovação e a idéia de quanto mais proteção melhor.

Chama de ‘ agenda maximalista ‘ e fala em ‘perda do balanço’. Refere que não é interessante nem para os países desenvolvidos e que é expressão de uma minoria e portanto, pouco democrático.

Um tamanho (extra-g) para todos = trips plus quando se começa a falar em flexibilidades trips. O papel da WIPO deveria ser de ajudar os países menos desenvolvidos a aplicar as flexibilidades

Reflete sobre diferenças de tratamento e mudanças necessárias com novas tecnologias para que os direitos de ip não sejam só proteção para grandes indústrias.

Opina que não devemos deixar de tentar regular a Internet mas que devemos estar mais sensibilizados aos efeitos desta regulação pois as regras que serviam para era da prensa podem não servir agora (exemplo do anonimato para direitos humanos)

Analisa potenciais da internet de expressão e educação ‘para quem não possui uma emissora de tv’ e que a legislação deveria também ver por esse lado e não só o do potencial de pirataria….Diferença de foco entre benefícios e malefícios. O grande benefício seria justamente o que a lei de ip se propõe: estimular a inovação.

Exemplifica com a obtenção retrospectiva de direitos sobre bens culturais tradicionais que estariam em domínio público no momento da ‘harmonização internacional’ das regras.

Voltando ao exemplo farmaceutico, ele diz que ao escolher basear as políticas de incentivo a inovação somente na obtenção de patentes estamos optando por menor acesso mundial ao avanços (fala em optar que crianças morram de malária). Critica a exclusividade desta forma de gerar inovação.

Fala de alternativas dentro (software livre) e fora (prêmios) do sistema.

Fala de “cultura dos direitos” como miopizante.

1 – Balanço – Ponto em comum com pensamento ecológico historicamente: não são os direitos que garantem a inovação mas um equilíbrio entre direitos e domínio público. Wipo deveria executar para cada nova expansão de direitos uma análise de impacto “ambiental” 2 – Proporcionalidade – custos x benefícios 3 – Desenvolvimento apropriado – wipo deve contrabalançar a tendência de um só tamanho para todos ao longo das mudanças históricas na legislação 4 – Participação e transparência 5 – Abertura para alternativas 6 – tratar a internet como solução não problema 7 – neutralidade – ip são ferramentas não finalidades

Michael Perelman. A Economia Política da Propriedade Intelectual.

A Economia Política da Propriedade Intelectual – Michael Perelman

Argumento inicial: A expansão da propriedade intelectual torna o processo de produção do capitalismo contemporâneo ainda mais perverso. Reforça as diferenças de classe e a relação de dependência da ciência e da tecnologia a esse sistema. Ainda, promove uma corporativização da universidade e reduz a liberdade individual.

– A proteção da propriedade intelectual parecia inseparável do capitalismo contemporâneo…até que recentemente os capitalistas demonstraram-se ambíguos em relação a essa questão. Durante as seis primeiras décadas do séc. XIX os USA não estavam inclinados a respeitar os direitos de P.I.

– Os “free-marketeers” do séc. XIX se opuseram ao regime de P.I., o acusando de monopólio feudalista. Até que a crise de 1870 enfraqueceu a fé nas forças de mercado. Então, buscou-se algo que poderia trazer novamente lucros a níveis aceitáveis.

– Inicialmente, os “capitalistas” tentaram formar cartéis e trustes, mas a lei Antitruste (Sherman act) coibiu esse tipo de prática. Entretanto, as corporações podiam usar patentes o que era perfeitamente legal. Assim, criaram uma “brecha” em tal lei, excluindo concorrentes e contribuindo para a formação de um tipo de capitalismo monopolista.

– Os líderes corporativos influenciaram o governo para fortalecer direitos de propriedade intelectuais que dariam vantagens às suas indústrias. No final do século XIX, os “negócios” viram os direitos de propriedade como um meio de aumentar lucros quando as condições econômicas começaram a piorar.

Os usos bizarros da propriedade intelectual…

– O autor coloca que, hoje, os direitos de P.I. vão além da proteção de invenção úteis e copyrights para novas músicas (advogados sugerem a atletas que formas de aremesso a uma cesta deveriam ser patenteados). Continua com outros exemplos que foram requereram patenteamento: uma forma correta de levantar uma caixa, por exemplo.

– Se um sujeito pode encontrar possibilidade de “manipular” o sistema de marcas e patentes…o que pode realizar uma corporação com recurso para a realização de pesquisas e custos legais (questão do autor).

– Desafio de Richard Stallmann a Bruce Lehman (líder do U.S Patent and Trademark Office). “Stallmann produziu uma cópia impressa volumosa, impressa de um programa de computador que ele tinha escrito antes com vários colegas. Ele explicou que o programa esteve atualmente no uso em mais de um milhão de computadores, inclusive aqueles da Força Aérea de Estados Unidos e companhias principais, como Intel e Motorola. ´Somente algumas linhas do código podem ser bastante para infringir uma patente, e este compilador tem dez mil páginas (…) Quantas patentes ele infringe? Não sei. Ninguém sabe. Você pode ler o código e dizer-me?”

– Os direitos de propriedade intelectual mudam a natureza da competição. Industrias que não se envolvem na proteção de propriedade intelectual enfrentam alta competição e baixos lucros. Ocorre o inverso com empresas que compartilham da propriedade intelectual.

– Nike, Microsoft e Pfizer vendem a altos preços porque a propriedade intelectual as livra da competição.

Custos da propriedade intelectual

– Autor promove relação entre distribuição de rendimentos e regime de propriedade intelectual…

– Direitos de propriedade intelectual são para a ciência aquilo que os pedágios são para o “tráfego nas estradas”.

– “Cadeia de patentes” utilizadas para desenvolver uma tecnologia (um software, por exemplo).

– Os direitos de propriedade intelectuais criam um sistema do litígio desperdiçador. Já no início dos anos 90, o orçamento de litígio anual de Intel sozinho era pelo menos de 100 milhões de dólares.

– Os direitos de propriedade intelectuais também criam uma atmosfera do segredo, que é hostil ao progresso científico.

– Corporatização da universidade. As universidades passam a vender a corporações os direitos às patentes desenvolvidas em laboratórios de universidade, produzidas com recursos públicos.

Propriedade Intelectual e Controle Corporativo

– A proteção de propriedade intelectual é mais “intrusiva” do que a proteção de propriedades materiais. A primeira age sobre pessoas, a segunda sobre coisas.

– Pressões são realizadas ao governo, muitas vezes com o êxito, no sentido da promoção de modificações que limitem a capacidade de tecnologias modernas de violar direitos de propriedade intelectuais — mesmo se eles causarem a inconveniência aos consumidores a que se supõe que o capitalismo sirva.

– Caso das sementes da Monsanto. Fazendeiro deveria “cuidar” para que o pólen de outras fazendas não chegasse na sua, protegendo assim a Propriedade Intelectual da Monsanto.

A P.I. prejudica o desenvolvimento da ciência, carrega a economia com processos litigioso e é danosa à liberdade pessoal. O autor ainda conclui que os líderes do mundo capitalista não podem encontrar nenhum melhor modo de aumentarem seus lucros do que promover a expansão dos direitos de propriedade intelectual.

Marx, Karl. O Fetichismo da Mercadoria

I. Mercadorias são coisas estranhas.

A. Sua natureza como mercadoria não surge do fato de que as pessoas as produzem. As pessoas produzem bens úteis em todas as sociedades, mas nem todos esses bens são mercadorias.

B. As mercadorias ganham sua natureza peculiar através da troca.

  1. Quando as pessoas produzem bens para o Mercado, o valor destes bens não é definido pela sua utilidade, mas pela sua virtude de ser trocado por outras coisas.
  2. O trabalho incorporado nestes bens, da mesma forma, é valorizado não pela sua utlilidade, mas pela sua habilidade de gerar trocas.
  3. O trabalho das pessoas – ou seja, um aspecto de sua humanidade – se torna, ele próprio, uma mercadoria, a ser comprada e vendida. Diferentes tipos de trabalho podem se equivaler, porque podem ser trocados pela mesma quantidade de bens. O caráter social deste trabalho, assim, acaba sendo visto como uma relação material entre coisas.

C. Assim, quando se olha para a economia, ao invés de se ver um conjunto de relações entre pessoas, vemos um conjunto de relações entre objetos. Uma tonelada de ferro e duas onças de ouro parecem ser “naturalmente” iguais em valor, assim como uma tonelada de cada substância é igual em peso. A relação social que cria esse valor “igual” (ou seja, a quantidade de trabalho que eles incorporam) desaparece da nossa consciência.

II. Economistas esquecem a fonte do valor das mercadorias – o trabalho humano – e descrevem o mundo como se casacos ou botas negociassem com tecidos independentemente da agência humana. Eles não veem que só a produção capitalista trata os bens deste modo, e assim, mistifica relações sociais reais.

A. Outras economias não “escondem” o fato de que a economia é baseada em relações sociais de trabalho.

  1. A ‘economia’ de Robinson Crusoe não é baseada em mercadorias, mas no trabalho para criar coisas úteis. Esta economia não é mistificada, e a fonte de seu valor – o trabalho – é clara.
  2. A economia medieval era construída na dependência; os bens eram dados e recebidos na base de relações sociais de dominancia e submissão. Mas estas relações eram evidentes para todos. A economia era vista como o resultado dessas relações sociais, e não como algo separado dos seres humanos.
  3. O trabalho dos camponeses é assim dominado pela produção-para-o-uso. Aqui, também a origem da economia do trabalho humano é aberta para todos verem.

B. Pode-se imaginar uma comunidade de indivíduos livres, na qual a produção surge da cooperação livre, e na qual os bens são divididos de acordo com o tempo que cada um contribui para a sua produção. Aqui, também, a primazia do trabalho humano na produção dos bens de uso é óbvia.

III. A religião meramente reflete o mundo real.

A. Assim, faz sentido que a sociedade capitalista – que reduz o trabalho humano real a uma abstração – tenha como religião dominante o Cristianinsmo, que reduz os seres humanos reais ao “Homem” abstrato.

B. Outras sociedades não tem sido tão dominadas por mercadorias e negócios. Elas não perderam sua conexão e dependência da natureza, e assim louvam a natureza em suas religiões.

C. Tais mistificações não vão desaparecer até que o processo de produção seja o resultado da livre associação humana, regulada pelos próprios trabalhadores. Para que este tipo de sociedade exista, no entanto, é necessária uma certa base material.

IV. Na sociedade capitalista, a produção controla as pessoas, ao invés do contrário

A. Assim as mercadorias parecem ser independentes das pessoas que as produzem – e parecem governá-las, de acordo com leis “naturais”.

B. Os economistas burgueses veem este fetichismo quando eles olham para formas de vida econômica mais antigas. Por exemplo, eles vem a loucura de tratar ouro e prata como tendo o mesmo valor inerente, ao invés do valor que as pessoas dão.

C. Estes mesmos economistas não enxergam seus próprios fetiches, no entanto. Eles falham em ver, especialmente, que o capital não tem outro valor além daquele que as pessoas o dão através de seu trabalho. E acima de tudo, eles não enxergam que as mercadorias não tem valor em si. Todo o valor das mercadorias vem do trabalho que as cria.

Foucault, M. O que é um autor

FOUCAULT, Michel. O que é um autor? (1969) In: Ditos e Escritos – Estética: literatura e pintura; música e cinema. Rio de Janeiro : Forense Universitária, 2006.

Na conferência O que é um autor?, Michel Foucault se propõe a “analisar a maneira pela qual a função autor se exercia, no que se pode chamar de a cultura européia após o século XVII”, definindo sua empreitada no âmbito da análise do discurso e excluindo a análise histórico-sociológica do personagem do autor. É importante ressaltar que Foucault não se propõe a apresentar uma teoria da função-autor, mas indicar as linhas gerais de uma possibilidade de análise dessa categoria.

O texto aponta para dois pontos de partida dessa análise: de um lado, o reconhecimento da própria “imprudência” em As Palavras e as Coisas (1966), trabalho no qual Foucault reconhece ter utilizado ingenuamente as unidades do autor, da obra e do livro para analisar as condições de funcionamento de práticas discursivas específicas, para o que essas unidades em si não interessam a não ser como funções discursivas. De outro, a indiferença contida na formulação de Becket “Que importa quem fala, alguém disse que importa quem fala”, na qual Foucault identifica um dos princípios éticos fundamentais da escrita contemporânea, na medida em que funciona como uma regra que domina a escrita como prática. Diante do desaparecimento ou apagamento do autor e das duas noções que, aparentemente estariam destinadas a substituí-lo [obra e escrita], Foucault argumenta que a unidade autor é reatualizada tanto na obra quanto na escrita. Grosso modo, a obra traz dificuldades quanto à possibilidade de ser definida sem referência a um autor – seu autor; a escrita, mesmo o estatuto originário do autor para si mesmo, recoloca, em outros termos, a necessidade de algo no qual a criação se funde.

Essa constatação é seguida por um “mas” [“mas não basta repetir a afirmação vazia que o autor desapareceu] que marca a entrada no segundo momento da exposição, aquele no qual Foucault procura definir a função-autor. “A função autor é, assim, característica do modo de existência, de circulação e de funcionamento de alguns discursos no interior da sociedade”, na medida em que o nome do autor, para além do nome próprio, exerce uma função classificatória no interior do discurso, permitindo que certos textos sejam reagrupados, delimitados ou opostos entre si [relações de filiação, de autenticação recíproca, de exclusão], bem como definindo um modo de ser do discurso que poderíamos dizer não-cotidiano, extra-ordinário, não-anônimo.

Foucault aponta quatro características da função-autor:

i) os discursos portadores da função-autor são objetos de apropriação pelo que ele denomina “regime de propriedade para os textos” – no final do século XVIII e início do XIX. A função-autor está ligada ao sistema jurídico-institucional que contém, determina, articula o universo dos discursos.

ii) a função-autor não é exercida universal e constantemente em todos os discursos, em todas épocas e sociedades. Por exemplo, na Idade Média, os textos literários não dependiam da autoria enquanto que os ditos científicos eram marcados pelo nome do autor; já entre os séculos XVII-XVIII, o discurso científico promove o apagamento da função-autor, enquanto que o literário é por esta provido.

iii) a função-autor não remete pura e simplesmente a um indivíduo real; ela pode dar lugar simultaneamente a vários egos, várias posições-sujeito que classes de diferentes sujeitos podem ocupar.

iv) a função-autor não é definida pela atribuição espontânea de um discurso ao seu produtor, mas por uma série de operações complexas e específicas.

Um terceiro momento do texto é a conceituação do que ele, arbitrariamente, reconhece, chama de instauradores ou fundadores de discursividade, os quais diferenciando-se dos “grandes autores” ou dos fundadores das ciências, ocupam uma posição transdicursiva na ordem do discurso; seus textos funcionam como a possibilidade e a regra de formação de outros textos, “abrem espaço outra coisa, diferente deles e que, no entanto, pertence ao que eles fundaram”. Foucault reconhece Freud e Marx como dois desses instauradores. Enquanto que a fundação de uma cientificidade pode ser introduzida ulteriormente no discurso que a funda, a instauração de uma discursividade é heterogênea às suas transformações ulteriores porque estabelece, ela mesma, um número limitado de possibilidades (exigência do “retorno à origem”). O retorno à origem é uma costura enigmática entre a obra e o autor que encontra sua justificativa no valor instaurador do texto, retornando assim às potencialidades contidas nesse texto fundador, ao que está e ao que não está nele.

Pablo Ortellado, Notas sobre a palestra

História do Direito Autoral

Monopólio corporativo e livre mercado de direito autoral

– Da fundação da Companhia dos Livreiros de Londres ao estatuto da Rainha Ana (1557-1774) e depois

* Os Direitos Autorais nasceram para regulamentar a indústria do livro. Esse foi o modelo que passou para todos os outros bens culturais posteriormente.

* O problema da reprodução e a necessidade do marco regulatório apareceu depois de Gutemberg.

* Os livreiros formaram uma Corporação de Ofício (assim como existia entre os sapateiros, os ferreiros, etc.) através de uma patente da Rainha Maria I, que instituiu a corporação de forma perpétua.

Com a Corporação de Ofício, havia:

1) Controle (político) do que era publicado;

2) Organização da indústria do livro, dividida em impressores, editores e vendedores.

Assim, existiam autorizações para cada etapa de fabricação; as oficinas não concorriam entre si; o aprendizado e o ingresso na profissão se davam dentro desse pequeno circuito. O controle era total, e os livreiros tinham, inclusive, o direito de punir quem agisse fora do esquema.

Em 1662, os livreiros perdem o poder de punição. Ao mesmo tempo começam a querer controlar a imprensa.

Em 1709, aparece uma lei para regulamentar o ofício do livro, que acaba virando o embrião da lei dos direitos autorais. Duas críticas aparecem na época:

* Uma crítica ‘proto-liberal’ que afirmava que a pressão corporativa era contra o interesse público;

* Uma crítica econômica a regulamentação corporativa (carta de John Locke) – com o argumento de que a Cia. dos Livreiros se dava o monopólio de autores clássicos e impedia alguns de serem disponibilizados.

Começam tentativas de limitar o poder dos livreiros. Segundo Pablo, a propriedade intelectual tal como a temos hoje é, na verdade a reforma de uma regulamentação medieval ao comércio de livros.

Houve uma transposição para o âmbito das idéias para a teoria de propriedade de Locke (a teoria liberal). Locke não rompe totalmente com a idéia do mundo como presente de Deus a Adão – que o coloca como propriedade coletiva dos homens. Os homens só possuem verdadeiramente o seu corpo, mas o trabalho transforma o que é comum em algo que pode ser apropriado. Assim, a propriedade moderna é na verdade um processo econômico de apropriação.

Se ação do corpo cria a propriedade, a ação do espírito também deve dar origem à propriedade.

Ou seja: a crítica liberal + a crítica filosófica = Direito Autoral – que passa a propriedade dos livreiros para os AUTORES e transforma o monopólio em algo temporário.

O Direito Autoral tem, portanto, uma base de regulamentação medieval corporativa reformada através da crítica liberal e de Locke.

1710 – Ato da Rainha Ana define o Direito Autoral por 14 anos, renovável por mais 14 anos caso o autor estiver vivo. Sai o livreiro, entra o autor; sai o monopólio, entra o período limitado. (14 anos era uma duração importada da legislação de regulamentação de patentes, e que correspondia a 2 ciclos de aprendizes).

(Importante: nessa época, não existia o conceito de domínio público.)

Obviamente, os livreiros começaram a tentar reformar a lei, com uma jogada jurídica para fazer voltar a valer o monopólio perpétuo depois do fim da validade do estatuto, baseados nas diferenças entre a Common Law e o Direito Estatutário britânico.

Nessa época, já existiam piratas – no caso dos livros, os irlandeses, que publicavam as obras a um preço mais baixo.

Dois casos com resultados diferentes ilustram a disputa jurídica da época.

* Em 1769, uma decisão de Lord Mainsfield deu razão para os livreiros. Foi usado um argumento de que isso favorecia os autores. (O mesmo argumento usado hoje por caras como Jack Valenti, de que o direito autoral protege os criadores).

* Em 1774, uma decisão de Lord Camdem deu vitória para os piratas. O argumento era que a publicação ampla era uma missão pública. As pessoas tinham o direito de ter acesso a livros baratos e bem feitos, o que o monopólio não permitia. Para Camdem, o autor publica em busca da imortalidade, não do lucro econômico.

Em realidade, o Direito Autoral permanece igual até hoje. É o monopólio do autor por um período (que hoje é a vida do autor + 70 anos); e passou a valer para todos os bens culturais, não só os livros. Ou seja, modificações que ampliam a duração e o escopo da lei.

* O Direito dos EUA foi exportado, com pequenas modificações, da Inglaterra. Na França, a justificativa filosófica para o Direito Autoral é diferente, que é visto sob a ótica do direito da personalidade, mas a forma da lei é igual (50 anos).

Foram 3 ondas de Reformulação do Debate do Direito Autoral

1) Formulação, no início do século XVIII.

2) Expansão do Direito Autoral no século XVIII, capitaneada sobretudo pelos autores iluministas.

3) Onda atual – instigada pela Internet e pelos movimentos de software livre e cultura livre.

Três anacronismos do debate atual

1) O copyright como equilíbrio entre o interesse público e privado. (Ex: Lessig, “Cultura Livre”.) Idéia de “alguns direitos reservados” – a balança foi desequilibrada por meio do interesse privado, e agora tem que ser equilibrada novamente. Para Pablo, esse equilíbrio nunca existiu. O que deveria existir é sempre o interesse público, que é o que está lá na origem do Direito Autoral. Afinal, o monopólio perpétuo bloqueia o interesse público, o debate público.

2) Copyright como “novo cercamento”. (Boyle). Direito Autoral é o “cercamento” do patrimônio comum, que era a cultura. Para Pablo, nunca nunca houve um patrimônio cultural “comum”. O domínio público (que existe graças a cultura burguesa) é irmão gêmeo do Direito Autoral. Assim, nunca houve um momento “mítico” em que as coisas eram comuns. Antes, eram do rei. E antes, da Igreja, e assim por diante. A propriedade de terra é uma má metáfora, porque a propriedade intelectual é não-rival e não-competitiva.

3) O copyright como garantia de investimentos (L.R. Patterson). A instituição de monopólio tem como objetivo manter o mercado. É uma instituição estatal que intervém para adequar as coisas. Para Pablo, o monopólio não é uma garantia de investimento, mas apenas para regular a competição.