Sérgio Amadeu da Silveira O conceito de Commons e a cibercultura

Alunos: Francieli Ruppenthal, Joana Morato de Carvalho, Rafael Rocha

O conceito de Commons e a cibercultura

O artigo de Sérgio Amadeu da Silveira trabalha sobre o conceito de commons e as transformações sociais que surgiram com a inserção deste conceito do espaço digitalizado e de comunicação. Trazendo argumentos de autores como Benkler, Lessing, Negri e Hardt sobre a expansão do commons na sociedade atual. Percebem-se diferentes as visões entre destes autores, mas todos admitem uma posição favorável a comunidades de software livres, assim como ressaltam a importância de ser ter movimentos que defendem a cibercultura aberta a todos.

O que é commons afinal? A definição utilizada por Amadeus é “commons pode ser traduzido como comum ou como espaço comum. (…). Seu uso evoca ainda a idéia de algo que é feito por todos, ou por coletivos e comunidades. (…) Bens públicos são commons.”. Indo além deste conceito básico de comum a todos, há uma nova forma de ver o commons na era digital. A concepção de commons como simbólico, imaterial e tem como local ideal a cultura de redes ou ciberespaço.

Com o surgimento de sites de busca e de compartilhamento, o commons possui uma nova roupagem, passa a ser um commons digitalizado, em um espaço livre e de acesso livre.

O commons digital trouxe consigo uma transformação no comportamento social, permitindo que o maior número de pessoas possa ter acesso à cultura literária, musical, cinematográfica, entre tantas outras. Há a quebra do monopólio de capital cultural, entrando em conflito com a indústria cultural, ou como o próprio autor sugere, os cavaleiros da copyright. Devido a estas questões o commons foi colocado em pauta no cenário econômico e político.

 

O CONCEITO DE COMMONS EM BENKLER E LESSING

 

Yochai Benklen é citado por Amadeu como um dos principais autores sobre commons. Benkler lançar a idéia de classificação de commons através do grau de dependência de regulamentação. Os commons que são abertos a todos possuem um grau pequeno ou inexistente de regulação, sendo assim, acessado sem restrições. Seguindo a lógica, o commons com maior grau de dependência de regulagens, pode ser controlado um grupo ou comunidade. O exemplo citado pelo autor de commons regulado são as vias públicas. Por existir regras de normas e padrões de conduta, como exigência de licenciamento de automóveis e dos condutores.

Para Benkler, a liberdade das redes digitais trás um novo modo de produção social. A grosso modo, há “desdomesticação” do homo-economicus, ou seja, surge uma nova concepção de racionalidade de mercado, diminuindo a competitividade e ampliando a solidariedade,nascendo uma preocupação por parte do Estado, que tenta lançar uma auto-organização para coordenar o crescimento dos espaços e esferas comuns,  que vão de encontro a ultra-regulamentação. Benkler acredita que o homem não possui uma lógica puramente economicista, afirma que a liberdade amplia os proprietários.

Lessig é o idealizador do movimento Creative Commons. Preocupado em proteger a liberdade e criatividade artística assegurando seus direitos. O movimento tem como finalidade facilitar o acesso dos autores para licenciar suas obras.

O Creative Commons já conseguiu realizar algumas ações significativas e ao mesmo tempo polemicas, para a classe artística nos EUA.  Houve o prolongou o tempo de poder do artista sobre sua obra, podendo manter os lucros por mais 95 anos, após a morte do artista.. A reação não obteve o êxito esperado, pois não conseguiu conter o avanço da cultura digital.

Indo além, o autor salienta a diferença entre a cultura regulada e a cultura livre. A cultura regulada seria uma espécie de cultura de permissão, exigindo sempre o trabalho dos advogados a todo o momento, o que Lessig chama de “cultura dos advogados”. Nesta cultura há um alto custo, sufocando a criatividade dos artistas, já que tem como objetivo manter a obra intacta. Lessig ao mesmo tempo em que defende a criatividade e a liberdade dos grupos e a ampliação dos commons, defende a propriedade do autor, idealizando uma política de equilíbrio.

Para Lessig o commons pode conviver com a propriedade de idéias. As concepções de propriedade de idéias possuem uma forte relação com o caráter excludente do capitalismo no que diz respeito à redução da competição. Neste sentido, o autor lança uma severa crítica sobre a má utilização do conceito cultura. Há uma grande exploração da cultura como enternimento, relegando desta forma  commons a constantemente a marginalização do plágio, nos processos de industrialização da cultura, a chamada indústria cultural de massa, ou simplesmente a massificação da cultura.

 

 

NEGRI E HARDT

 

Os autores enveredam por uma explicação de viés marxista. Iniciam suas críticas na visão romântica dada ao comum, como sendo da comunidade ou do público. Sugerem, então, a construção de um commons no qual a individualidades se dissolvam, mas mantendo o diálogo com as singularidades. Pela lógica dos autores, não haverá um ideal comunitário, tão pouco haverá as idéias neoliberais de dependência ao mercado.

Deve-se reconstruir o conceito de comum tendo em vista os novos atores históricos, a multidão, ou seja, o povo. A construção deste novo comum agrega constantemente novos atores e singularidades, dentro dos processos virtuais.