O mercado informal também dá garantia para produtos “piratas”

A ousadia dos comerciantes que vendem pirataria na região da Rua 25 de Março, no Centro,  não tem limites. A certeza de impunidade é tanta que eles já estão até dando garantia aos clientes, mesmo sem nota fiscal. Basta levar o objeto defeituoso que a troca é na hora.
A constatação foi feita pelo DIÁRIO em várias lojas de galerias. No caso de celulares ou iPhones, a garantia é de apenas uma semana. Mas quando se trata de vestuário, o vendedor  até entrega cartão para troca caso a mercadoria não sirva.

A procura por produtos piratas é tanta que os lojistas contratam promotores de vendas, que ficam espalhados a cada quarteirão, para atrair compradores com fotos dos mais variados produtos. Sorridentes, levam os clientes à loja, se oferecem para ajudar a carregar e ganham 10% do gasto.

na mira / Mas, no que depender do Ministério da Justiça, a pirataria está com dias contados no Brasil. O pontapé para intensificar a repressão será no próximo dia 15, com o lançamento do Plano Nacional de Combate à Pirataria, que vai envolver diversos setores da sociedade civil e policial e contar com ações repressivas, econômicas e educativas.

“Vamos fazer uma radiografia da pirataria no país. Hoje, nossa grande dificuldade é a falta de estatísticas sobre esse tipo de crime”, diz Flavio Caetano, presidente do Conselho Nacional de Combate à Pirataria e Delitos Contra a Propriedade.

A ideia, diz ele, é municipalizar as ações, formando gabinetes de gestões integradas em todas as cidades para fechar o cerco. Outra medida é estimular a criação de conselhos estaduais, principalmente em capitais sedes da Copa do Mundo, para evitar fraude de produtos relacionados ao futebol. Também terá campanha de conscientização da população, alertando que ela contribui com o crime ao comprar pirataria.

Caetano afirma que, apesar de a pirataria envolver o crime organizado, ela conta com a aceitação da população, que consome os produtos sem nenhum problema, até porque os preços são mais atrativos.

Leis muito brandas dificultam repressão e livram comprador

O delegado Douglas Dias Torres, da 1 Delegacia Antipirataria do Deic, afirma que  as pessoas que entram para esse comércio ilegal geralmente são trabalhadores que perderam seus empregos e investiram a indenização na atividade, para sustentar a família, achando que não se trata de crime. “Pode ser de qualquer nacionalidade, quando chega aqui  a conversa é a mesma: ‘Doutor, eu não estou roubando, estava só trabalhando’”, comenta.

Segundo o delegado, um dos grandes problemas para se combater a pirataria são as penas muito brandas. Trata-se de crime afiançável, punido com pagamento de cestas básicas. Além disso, não há repressão para quem compra. “A gente só consegue pôr na cadeia  quando há vínculos com o contrabando”, lamenta.

Na semana passada, o Deic apreendeu dois milhões de itens piratas em um prédio residencial. Entre eles havia até kits com matriz de cópias e embalagens para fabricação em casa.

Fonte: http://www.diariosp.com.br/noticia/detalhe/49851/Produto+pirata+tem+garantia+na+25+de+marco

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